Não vou trapacear, vou apenas procurar. Cantado e segurando uma flor de jasmim. Sei que me encontrarei em um lindo lugar, dançando e sorrindo esperando por mim.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Meninas...

Como observadora que sou, ultimamente tenho mergulhado intensamente no universo feminino.
Ouço, converso, reparo e curto as meninas que me cercam. Fico impressionada com o fato de que se olhar de perto, bem de perto, embora possam ter jeitos diferentes no fim são todas iguais.
Tentam parecer maduras, mesmo quando se sentem eternas crianças. Tentam ser atraentes, mesmo que gostem de usar calça jeans rasgada com camisetinha e all star. Tentam parecer intelectuais quando na verdade não percebem que tentar parecer alguma coisa é um ato fútil e descabido. Pois são todas lindinhas e sapequinhas do jeito que elas realmente são, e não precisam de "algo mais" para nada, nem para impressionar o cantor de rock preferido.
Impressionar. Como elas gostam de impressionar! Maria José, o que será que tanto elas gostam de impressionar? O Professor de matemática se for "nerd", o professor de filosofia se for "cult", o pai da amiga, se for sapequinha e o cara tiver pinta de galã de novela das oito.
Se conhecem um cara bonito, logo tratam de ajeitar o cabelo. Se o cara parecer inteligente elas calculam com cuidado as palavras que serão ditas, pois precisam impressionar... sempre impressionar!
E como conseguem! Conseguem porque, para impressionar usam de um jeitinho especial, que só meninas possuem. Já repararam como meninos são desajeitados quando tentam impressionar aquela professora "gostosa" , ou aquela mulher mais velha sedutora e atraente?
Só meninas sabem sorrir de forma à convencer os outros. Pobres motoristas que param fora do ponto para que desçam em frente ao local desejado. Pobres professores que arredondam a nota da prova para que passem de ano. Pobres sorveteiros que vendem o sorvete mais barato porque a menina não tem o suficiente para pagar o real valor. Pobres pais que cedem aos seus caprichos, depois de um sorriso meiguinho. Pobres mães que compram o vestido mais caro, porque este sim ficou mais bonito. Pobres meninos que carregam seus livros enquanto elas param para conversar com outras meninas. Pobres os seguranças que as deixam entrar em locais para maiores de idade. Pobres os homens que as desejam freneticamente e nunca as terão.
Pobre o mundo sem as meninas...

quinta-feira, setembro 21, 2006

A disciplina do amor

Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o lhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso á pata, voltava ao seu posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias. Com o passar dos anos ( a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.
Lygia Fagundes Telles

quarta-feira, setembro 20, 2006

Uma obra tem sempre alguma coisa pra dizer.

Uma obra tem sempre alguma coisa pra dizer.
Mesmo que o autor seja a única pessoa capaz de compreende-la.
Mesmo que nem ele saiba ao certo o que dizer.

Buscando sentidos...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Eu e Você que também sou Eu.

Estava sozinha no meu canto
quando você veio me chamar
Por um segundo gelei por dentro,
você veio para me buscar
Abriu os braços e estendeu o espelho
Vi seu rosto a me olhar

O meu eu estava distante mas você não
Você é aquela parte que sempre retorna
Renovando o meu coração

Sempre suscetível às minhas reações
que um dia saberei controlar
Você desembaraça o ar de confusões
que o meu eu ainda não sabe explicar
Me devolve a alegria de cantar minhas canções
Me inspira para a vida , me afunda em teu mar

Me sufoca, me aperta, acho que não vou aguentar
Me desespero, quase choro, pois preciso de ar
Na verdade não percebo o que é tão fácil notar
Que Tudo o que você quer é me ensinar a lutar

Você veio para isso, veio para me lembrar
Que preciso tomar fôlego e assim continuar
Sem me esquecer do que me ensinou
O meu eu tão poderoso que em você se tornou.

Somos mar e oceano
Somos vida e ser humano
Somos uma dentro de outra
Somos o infinito dentro do Espaço
E o espaço dentro de mim.



Nossa, que viagem!!!!!

quinta-feira, setembro 14, 2006

Esperando por mim















Triandade - Paraty - RJ


Não revelo meus sentimentos e nem os meus desígnios
Sou solteira de mim mesma e procuro os meus vestígios
Sou dispersa não tenho pressa
Há de ter algum indício

Quero mais é me achar em tudo que é belo
Se assim não for possível, também não me desespero
Sei do tempo que me resta, mas agora tenho pressa
Aproveito o instante em que tudo me interessa

Lutando contra mim, descubro um pouco mais
Me deparo comigo em muitos locais
Do meu cérebro tão pequeno, que não sabe o que fazer
Entre golpes automáticos querendo me enlouquecer

Mas não me entregarei assim tão facilmente
O meu eu esta disposto a fazer tudo diferente
Me deixando confusa e um tando prudente
Vou fingindo que acredito em seu discurso eloqüente

Não vou trapacear, vou apenas procurar
Cantado e segurando uma flor de jasmim
Sei que me encontrarei em um lindo lugar
Dançando e sorrindo esperando por mim.