Não vou trapacear, vou apenas procurar. Cantado e segurando uma flor de jasmim. Sei que me encontrarei em um lindo lugar, dançando e sorrindo esperando por mim.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Diga-me quem puder!

Antes de mais nada devo admitir que tudo a meu redor está fora de lugar.
Não dei a confiança necessária a quem deveria e confiei demais em quem não merecia.
Briguei por quem nunca me ofereceu conforto e desprezei aqueles que só queriam me ver bem.
Vaguei por lugares que não me pertenciam e esqueci de cuidar do meu próprio lar.
Perguntei para quem nada sabia e ignorei quem podia me ajudar.
Desperdicei as chances de consertar meus erros, e outros erros cometi sem me preocupar.
Não sei de mais nada desta vida e continuo a me perguntar:
O que é que estou fazendo aqui?
O que me faz ser melhor que outra pessoa?
Por que não posso saber de onde eu vim e para onde vou?
Por que preciso de dinheiro e liberdade?
A namorada de uma grande amiga é rica e infeliz.
Usa roupas de marcas conhecidas, mas a seu respeito poucos conhecem... Sua liberdade está presa nas mãos de uma família conservadora que não entende o significado de um grande amor.
Eu também não sei o significado de um grande amor.
Portanto, não sei o significado da vida.
As pessoas falam, falam e falam sobre um monte de coisas importantes.
Falar é fácil.
Difícil é viver sendo coerente com o que costumamos falar sobre a vida.
Difícil é encontrar uma razão para viver que não seja viver pelos filhos e familiares.
Difícil é viver por nós mesmos.
Então continuo a me perguntar:
Por que é tão difícil nos aceitar e nos amar como somos?
Por que é tão raro encontrar alguém que se ame de verdade?
Você, que está lendo este texto aparentemente sem lógica, se ama de verdade???

Se a resposta for sim, então me diga irmão, como faço para sentir o mesmo por mim?

segunda-feira, outubro 23, 2006

Ironias da vida

Minha grande amiga disse-me um dia:

-Jâjâ, por toda a nossa vida, lhe apoiarei por mais louca que me estejas parecendo!

E quando disse à ela que iria me casar com um homem vinte e nove anos mais velho, ela perguntou, do outro lado da linha:

-Jâjâ, você está louca???
-Não Mari, mas se pareço uma, então, trate de me apoiar!!!

Ficou calada por uns segundos, suspirou e falou:

-Ok Jâjâ, eu te amo há quarenta milhões de anos!!!

Ficamos conversando por algum tempo. Eu comecei a contar os detalhes de minha nova aventura romântica. Ela ria e dizia coisas do tipo:

-É amiga, você sempre reclamou da ausência de seu pai... Dizia-me que não sentia falta do seu pai e sim, de um pai.
-Mari, vou me casar. Não fui adotada!!

E ela ria gostosamente!!!
Passamos mais algum tempo falando bobagens e rindo da ironia do destino, quando ela resolve contar a ironia que o seu havia lhe aprontado:

-Tenho uma novidade também... Você não vai acreditar! Jana, estou grávida!!

Fiquei muito surpresa. Mari é uma irmã que minha própria irmã nunca me foi! Lembrei-me das vezes em que ela, morrendo de medo, me dizia ser estéril. Eu ria e tentava convencê-la que aquilo era fruto de sua fértil imaginação, pois um médico nunca havia sido consultado.
Mari sabe muito bem fazer um drama... E eu ainda completava dizendo-lhe que, quando ela menos esperasse, a Marianazinha chegaria ao mundo. E foi exatamente o que aconteceu. Feliz com esta ironia, suspirei e disse:
-Mari, eu te amo há quarenta milhões de anos!!!

Mari achava que jamais receberia esta graça.
Eu pensava em não me casar tão cedo.
Hoje a Marianazinha chama-se Alice, nome sugerido por mim e está com três aninhos.
Eu, com vinte e um, vivo um casamento feliz, também com três anos de idade.


terça-feira, outubro 03, 2006

Maktub

Um homem resolveu visitar um ermitão que vivia
perto do mosteiro de Sceta. Depois de caminhar sem rumo
pelo deserto, terminou encontrando o monge.
- Preciso saber qual o primeiro passo que se deve
dar no caminho espiritual - disse.
O ermitão levou-o até um pequeno poço, e pediu
que ele olhasse seu reflexo na água. O homem obedeceu,
mas o ermitão começou a jogar pedrinhas na água,
fazendo com que a superfície se movesse.
- Não poderei ver direito o meu rosto enquanto o
senhor jogar pedras - disse o homem.
- Assim como é impossível para um homem ver seu rosto
em águas turbulentas, também é impossível buscar
Deus se a mente estiver ansiosa com a busca - disse
o monge. - Este é o primeiro passo.


Paulo Coelho, do livro Maktub.